Sonhe, planeje e vá. Todo mundo pode morar fora

Ana Beatriz - Morar Fora
Ana Beatriz – Morar Fora

A gente fica imaginando mil coisas antes de mudar: como vai ser, quem vai conhecer, como vai ser a escola, a casa, a família. O que conhecer, que lugares visitar. Mas não pensa em como vai lidar com tudo isso. Mudar envolve muita gente, os amigos querendo saber tudo e a família apreensiva com a experiência de “largar o filho no mundo”, mas a gente esquece de pensar em como a gente vai lidar com a mudança. Justamente porque a vida de quem viaja ou mora fora parece perfeita, cheia de novidades, passeios, novos amigos, novas experiências e aquele monte de fotos lindas no Facebook.

Quando cheguei em Londres em 2004 vim preparada para morar, afinal, estava realizando o meu sonho. Eu já queria fazer isso há anos, tinha estudado inglês por um tempo no Brasil mas por mais que tentasse, não conseguia me comunicar no aeroporto porque o sotaque deles é algo que realmente não da pra entender.

Depois de anos passei pela mesma situação quando fui morar na Austrália, e olha que nessa época meu inglês já era fluente. Mesmo assim demorei um tempo para me acostumar a novas expressões e ao sotaque australiano. Aí vou aquela coisa, de falar igual à índio, perguntar como pega o metrô, como chega na casa em que se vai morar e até como chegar na esquina de casa e dar de cara com aquele mundão cheio de novidades por vir.

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Eu não planejei muito as coisas quando fui embora do Brasil para morar em Londres pela primeira vez. Já tinha o plano de morar fora, mas quando tomei a decisão de ir, não quis esperar muito tempo antes que perdesse a coragem, afinal foi com a cara e ela própria, a coragem, que fizeram que eu chegasse sozinha a Londres.

Hoje se eu voltasse no tempo, teria planejado melhor, pesquisado mais e organizado tudo. Como sou otimista nata, as coisas sempre deram certo, porque os percursos que apareceram pelo caminho tomei como aprendizado, mas com certeza não teria dado tanto “murro em ponta de faca” e as coisas teriam sido bem mais fáceis. Então resolvi fazer uma listinha com as principais informações para ajudar no seu planejamento:

1) Onde morar?

Tem gente que já sabe desde sempre o pais em que quer morar. Tem gente que quer aprender inglês e não importa onde, então qualquer país serve. No meu caso eu queria ter a possibilidade de viajar para o máximo de países que eu pudesse, então escolhi a Europa pela possibilidade de voar apenas 1 ou 2 horas para outros lugares. Facilidade de visto, calor ou frio, a cultura, praia ou neve, poder trabalhar são alguns dos fatores que fazem com que se leve em conta a escolha do destino.

2) O que estudar? Que curso fazer?

Vai estudar inglês, quer fazer um curso técnico, morar por um longo período ou apenas aproveitar as ferias do emprego para melhorar a língua? Quer fazer curso de mergulho, aprender a surfar ou saber como se organiza um evento em um castelo? Há muitas opções e em diversos cantos do mundo, então se sua ideia é “dar uma arejada” ou ficar proficiente, escolha a melhor alternativa para o momento em que você esta vivendo.

3) Visto

A maioria dos países exige visto de estudante caso você fique mais de 3 meses. Caso queira ou precise trabalhar para ajudar nas despesas, verifique quais países permitem que você trabalhe.

4) O que levar?

Verifique as condições climáticas e leve roupas de acordo com a estação. As maiores cidades sempre tem lojinhas que vendem produtos brasileiros, caso você fique com vontade de comer feijão ou fazer brigadeiro.

Remédios controlados devem ter receita medica já na saída do seu país de origem e a maioria dos países não vende remédios sem receita medica, então leve o necessário para o período em que for ficar e se possível uma receita medica traduzida caso seja um remédio de uso comum.

Como funciona o sistema de saúde dos países mais visitados do mundo

Sapatos confortáveis e tênis são imprescindíveis nas grandes cidades, afinal você vai caminhar bastante. Telefones podem ser desbloqueados no pais em que você estiver, assim você não precisa comprar um novo quando chegar.

A Austrália não permite que se leve nada de madeira ou sementes. Não leve comida. Tenha um adaptador universal ou compre um logo que chegar para carregar seus eletrônicos nas diferentes voltagens. Não esqueça de conferir quantas malas e quantos quilos a companhia aérea permite. Senão você pode sair do país já pagando por excesso de peso e tendo que carregar mais do que pode, o que complica bastante a vida.

  1. Bagagem de Mão: O que pode ser levado?
  2. Bagagem de Mão: O que não pode ser levado no avião?

5) Documentos

Alem do visto, tire uma copia do passaporte, seguro saúde e de todos os documentos que você esta carregando. Escaneie e encaminhe para o seu e-mail, caso você precise de uma copia a qualquer momento, ou precise refazer algum caso roubado ou perdido. E coloque uma identificação sua também dentro da mala. Caso ela se perca e a etiqueta de fora arrancada, a companhia aérea poderá abrir e ter certeza qual é a sua mala. Se for procurar por emprego, você ira precisar de um numero de registro, tipo um CPF para apresentar ao empregador.

6) Dinheiro

Não esqueça de levar dinheiro para os primeiros dias, caso seu cartão não funcione. Quando fui para Pequim, os aeroportos não aceitavam cartão de credito e o valor mínimo para o cambio era de $100 dólares. Se você esta chegando tudo bem, mas se já esta indo embora, não faz sentido trocar $100 dólares para somente uma refeição. Ônibus as vezes não aceitam cartão também. As escolas normalmente encaminham seus documentos e facilitam a abertura da conta bancaria.

7) Fotos e filmes

Mantenha a maquina fotográfica sempre com você, cartão e bateria extra e/ou seu telefone sempre carregado e uma lista do que fazer. Aproveite os intervalos de aula e os momentos que você tiver livre para conhecer um pouquinho mais da cidade em que estiver. Se gosta de escrever, crie um blog para escrever as historias.

8) Cultura

Aprenda sobre o lugar em que você esta indo e converse com os locais. A experiência de morar fora é única e um momento de muito aprendizado. Prove a culinária local, descubra curiosidades e volte pra casa cheio de historias pra contar. Viva cada minuto e não deixe de ser turista, mesmo que você já more no local ha anos. Você nunca sabe se estará la para sempre, então não caia na rotina e aproveite as oportunidades.

    Ana Beatriz Freccia Rosa começou a sua volta ao mundo em 2004 quando foi morar em Londres. De lá, fez algumas viagens pela Europa e dois “mochilões” pelo Oriente Médio e parte da Ásia. Voltou para o Brasil, percorreu parte da América Latina e não conseguiu sossegar. Em 2010 partiu para mais uma aventura com passagem só de ida para o Sudeste Asiático e um período sabático na Austrália, onde viveu por dois anos e meio. Em abril de 2013 largou a casa de frente para o mar e voltou para a Terra da Rainha, onde tudo começou. Visite também o meu instagram @omundoqueeuvi e o meu canal no youtube aqui.