Na coluna anterior eu falei sobre os primeiros passos pra quem está pensando em estudar fora: por onde começar, como pesquisar, quais decisões iniciais tomar. Hoje eu sigo com o tema do caminho das pedras de estudar fora e falo melhor sobre o tema mais chato de todo este assunto: a burocracia, a documentação, a papelada.
Nada é tão importante no meio do processo quanto as cópias e os documentos que você precisa apresentar na hora de pedir uma vaga em uma Universidade estrangeira.
A documentação
Na internet, seja na página do consulado ou na página da Universidade, consiga uma lista de toda a documentação necessária:
- vistos,
- diploma,
- histórico escolar,
- conteúdo programático,
- traduções,
- assinaturas reconhecidas,
- cópias.
Cada país e cada Universidade tem a sua.
Não se assuste, a lista costuma ser enorme. Com isso em mãos, escreva para a Universidade e pergunte – na cara dura mesmo: “tudo que está nesta lista é exatamente o que eu preciso?” Quem leu a coluna anterior sabe que este contato direto com a Universidade é super importante.
Eu fiz isso. Com a lista de documentos em mão, escrevi para a Universidade e no final das contas me livrei da coisa mais chata de todas: a tradução juramentada. Faz isso. Vai que você também consegue uma ajuda.
A lista do Consulado para o visto de estudante para a Espanha incluía a tradução juramentada, mas a Universidade de fato exigia apenas o reconhecimento da assinatura de todo mundo que constava nos meus documentos da Universidade onde me formei no Brasil.
O que foi por si só uma peregrinação: como me formei em uma cidade diferente de onde estava morando, precisei voar até lá e ir em todos os cartórios onde todo mundo tinha assinatura reconhecida. To-do-mun-do: a reitora, a secretária, o chefe de departamento, meu orientador. Gente até que nem trabalhava mais na Universidade. Hoje em dia meu diploma de graduação tem mais carimbos que meu passaporte.
Mas olhe pelo lado bom: pelo menos não tive que traduzir tudo isso.
Com todos os documentos reunidos, tire cópias autenticadas e não autenticadas. Viaje com algumas e deixe outras no Brasil. Isso vai te ajudar muito mais lá pra frente.
Na hora de pedir o visto no consulado, é legal também apresentar todos os documentos e suas cópias bem organizados. Vale até colocar post-its dizendo o que cada um é. Vai que isso já coloca você na frente de quem mandou a documentação toda bagunçada.
A inscrição na Universidade
Além de toda a documentação, o site da Universidade exigia um formulário a ser preenchido. O da minha Universidade era enorme. Cinco páginas de puro “responda em no mínimo 500 caracteres porque deveríamos escolher você” e coisas do gênero. Momento para repensar se eu queria mesmo estudar fora.
É, não tem jeito. Coloque uma playlist que você goste, ponha o whatsapp no mudo e mãos à obra. Eles podem até não ler 100% lá na hora que recebem, mas a sua obrigação é preencher tudo – e da melhor forma possível.
E te digo porque. Parte do meu processo pra conseguir a vaga incluía uma entrevista com o chefe do departamento de Audiovisual da minha Universidade. E eis que na hora H ele estava com meu formulário de inscrição impresso na frente dele comentando as coisas que eu tinha escrito meses antes, ainda no Brasil.
Sem falar que no meu currículo eu dizia que falava além de espanhol, inglês e francês. E qual não foi minha surpresa quando ele, no meio da entrevista, sem prévio aviso, começou a conversar comigo em inglês e depois em francês?! Então, futuro viajante, não minta. S’il vous plaît.
E porque eu contei tudo isso da minha vida se você não está nem um pouco interessado e está mesmo preocupado com o seu intercâmbio? Para você entender que do início ao fim, cada detalhe conta. Porque é a sua vida, é o seu futuro, é o seu sonho. Que melhor preocupação do que cuidar direitinho do que você vai fazer com o resto da sua vida?
Na semana que vem eu falo sobre algo muito mais legal do que burocracia: o momento que te mandam um e-mail dizendo que você foi aprovado. Quinta-feira estou de volta. Te espero.