O choque cultural em alguns casos pode ser a principal razão pela qual as pessoas desistem de uma viagem ao exterior.

O choque cultural é, algumas vezes, a principal razão pela qual algumas pessoas não podem sobreviver a uma viagem ao exterior. As diferenças entre as culturas pode ser tão chocante que eles não conseguem se adaptar, aceitar ou (ou não querem) entender as diferenças e acabam voltando para casa mais cedo.
Só para você entender o que eu estou falando, vou lhe contar a história de uma amiga minha chinesa que vive em Londres há mais de 20 anos. O nome dela é Lucy e ela se mudou para Londres quando tinha 20 anos de idade. Nós nos conhecemos quando ambos estávamos estudando francês e nos tornamos amigos, no segundo dia do nosso curso. Nós estávamos fazendo o curso porque ambos tinham parceiros franceses.
Lucy é de Hong Kong e as pessoas de Hong Kong deixam bem claro que não são do continente Chinês – dá a impressão que chinês de Hong Kong se sente mais importante. Durante as várias centenas de horas de conversas que tivemos até agora, eu aprendi muito sobre os asiáticos, já que Lucy é uma ótima ‘embaixadora’ de seu país e eu acho que ela faz isso muito bem. A forma como eu vejo o País dela é um reflexo direto de como eu interajo com ela, que é muito atenciosa, prática e sempre soube controlar suas emoções muito bem. Aparentemente, estas são competências comuns aos asiáticos e eles conseguem sempre manter as coisas sob controle. Ela me explicou que eles normalmente não gostam de dividir apartamentos. É muito raro ver o povo chinês compartilhando casas com outras nacionalidades e eles normalmente vivem sempre juntos.
Perguntei-lhe uma vez se isso é porque a cultura é tão diferente e ela respondeu: “Muito provável que sim. Eu não posso responder em nome de todos na China (como há muito poucos de nós!), mas a partilha não é algo que estamos acostumados. Nós não saímos da casa dos nossos pais cedo como fazem os europeus, nós ficamos perto de nossas famílias em vez de ir viver com estranhos. Os apartamentos na China são muito pequenos, não há 4, 5 ou 6 quartos (a menos que você seja muito rico) e não há uma cultura de partilha. Temos também os deferentes hábitos culinários e trabalhamos muito. Estamos acostumados a ter poucos de nós na mesma casa. Eu acredito que a cultura está mudando um pouco agora, mas os chineses não confiam em outras culturas, porque eles têm uma maneira única de pensar e as coisas só acontecem se vocês pensarem da mesma maneira“.
Nós conversamos sobre a sua experiência quando ela se mudou de Hong Kong para o Reino Unido e foi um pouco diferente de um estudante normal que viria por alguns anos para depois voltar.
Lucy chegou ao Reino Unido porque sua empresa estava se mudando. Ela estava sendo cuidada e não tinha as preocupações que se tem quando se muda para outro país sozinho e por vontade própria. Ela disse que estava ansiosa para mudar para o exterior e queria conhecer pessoas, aprender coisas diferentes e ver o mundo com seus próprios olhos. Quando falou sobre sua primeira experiência com a partilha de um apartamento, ela começou a rir. “Eu te digo por que eu estou rindo – disse ela – fui morar com uma senhora judia que tinha 89 anos“!
Ela continuou sua história com um sorriso no rosto –
“Foi a minha primeira vez no exterior e eu queria encontrar uma casa para viver sozinha. Eu vi um anúncio de uma agência e fui lá para ver o que tinha disponível. Pensei que era uma boa oportunidade para começar já que era uma bela casa em Swiss Cottage, uma área relativamente rica do norte de Londres. A senhora estava, provavelmente, à procura de companhia, ao invés de dinheiro para o quarto. Idade não quer dizer nada, ela foi super agradável e jogava tênis duas vezes por semana. Além disso, ia ao mercado e fazia seu próprio almoço todos os dias. Ela era muito ativa e apesar de não termos nada em comum eu gostava de viver lá, onde podia levar amigos – com a permissão dela -, mas não estava autorizada a ter “convidados masculinos” durante a noite“! Lucy então riu histericamente neste ponto da conversa.
A conversa continua.
“Não que eu queira, mas eu tinha 20 anos e eu já não vivia mais com meus pais. Havia vantagens, nunca tive problemas com a louça e ela era muito tranquila. Eu tinha a casa toda para mim às vezes, quando ela viajava e a cozinha era incrível! Tive que sair depois que ela faleceu e foi muito triste. Eu me mudei para Wapping e vivi com BBC (British Born Chinese – Ingleses nascidos Chineses) – e nem sabia que eles tinham um código para isso, mas não vivi lá por muito tempo já que a mentalidade era muito diferente da minha. Mesmo todos sendo chineses na casa eu nunca realmente socializei com eles. Éramos amigáveis uns com os outros mas eu senti que não havia nada em comum. Por conta disso, me isolei, depois de 6 meses dei aviso prévio e me mudei. Eu estava socializando muito com as pessoas do trabalho que tive contato com eles antes (quando a sede era em Hong Kong) e era como se eu os conhecesse. Um dos meus colegas de trabalho estava à procura de um inquilino e eu me mudei para o quarto vago. Foi meu primeiro contato com gays, assim como todas as outras experiências que eu tive. Em Hong Kong, eu nunca tinha conhecido ninguém que era gay. Não houve preconceito, porque você não pode ter preconceito de algo que você não sabe que existe!” – Disse ela, quase que se explicando.
“Foi a melhor decisão da minha vida! Eles eram um casal incrível. Eles fizeram com que eu me sentisse muito bem-vinda e eu senti que estava finalmente aprendendo a cultura Inglesa – como eu estava vivendo com ingleses e vivendo sua vida cotidiana, a linguagem, aprendendo o que eles cozinhavam e apreciando as suas festas de jantar. Os ingleses amam as festas de jantar onde mostram suas habilidades de cozinhar – mesmo sua culinária não sendo tão exótica e diversificada. Tínhamos uma relação de família e eles foram extremamente atenciosos e nós nunca, nunca tivemos problemas”.
Então você entende que, até você realmente viver com as pessoas no país delas, você não pode realmente ter uma opinião sobre elas. Você nunca pode generalizar, porque alguns hábitos são diretamente influenciados pela cultura em ela que cresceu e não pelo seu país de origem.
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Créditos da imagem: Spain For Pleasure