Já pensou em fazer intercâmbio depois dos 40, 50 e até 60 anos? Aos 48 anos, resolvi estudar inglês no Canadá, em Vancouver.
Tinham alunos mais velhos na sala? Como era a aula? Como me organizei? Onde me hospedei? E que escola fiz? Como escolher o melhor intercâmbio?
Conto tudo aqui, para você também realizar esse sonho do intercâmbio depois dos 50 anos. E já me siga no @ladobviagem para não perder detalhes e vídeos desta e outras viagens incríveis.
Sou jornalista de viagens há 24 anos. E posso afirmar que não há idade limite para quem quer estudar fora. Encontrei colegas de até mais de 60 anos na minha sala.
Onde fiz o intercâmbio?
Com a ajuda da Belta, Associação das Agências de Viagens, encontrei a escola Selc, uma das melhores escolas de idiomas para estrangeiros do Canadá, em Vancouver.
São duas unidades, Selc Language que oferece aulas de inglês para estrangeiros, e a Selc College, com cursos profissionalizantes que podem durar de 6 meses a dois anos. Muita gente já sai empregada.
Para quem quer ir além do inglês, há cursos de business, marketing e até de enfermagem, que valida o diploma do enfermeiro para exercer a profissão no Canadá.
As duas ficam no centro de Vancouver, com estações de sky train ao lado (o metrô de Vancouver) sendo que a Language está ainda em um prédio centenário. Veja mais fotos neste link.
Como são as aulas?
A grade escolar de quem vai aprender inglês tem três opções. O aluno pode optar por estudar só pela manhã, pela manhã com uma disciplina à tarde ou mesmo o dia todo.
Na sala, pessoas de 18 anos estudam ao lado de quem tem mais de 60, desde que estejam no mesmo nível do idioma, descoberto em um teste feito no primeiro dia de aula.
De manhã acontecem aulas de inglês, dentro da sala. Com apoio de livros online, situações reais e jogos, o professor busca a fluência do aluno.
Durante a tarde, os cursos são complementares, e você aprende o idioma de uma maneira diferente, como no curso de barista ou aquele que ensina a falar em público (public speaking).
O curso de barista, apesar de complementar ao curso de inglês, realmente prepara quem quiser futuramente trabalhar em uma cafeteria.
Optei pelo segundo tema, chamado public speaking, no qual se aprende a falar em público, exatamente o que preciso para me ajudar na desenvoltura. Para minha surpresa, era um curso de teatro.
Tínhamos peças e roteiros de filme para contracenar com os colegas. E, de fato, com o tempo perdemos o medo de falar em público, além de aperfeiçoar o inglês de uma forma bem coloquial.
No final do curso todos os alunos ganham um diploma, em uma pequena cerimônia de graduação.
Na minha sala, encontrei Claudia Sabbag, de 61 anos, avó de 4 netos, que escolheu não só fazer intercâmbio como estudar business e trabalhar fora do país em 2023.
Claudia viajou com o marido, Luiz Carlos Bulhões Lima, de 59, ambos aposentados. O casal faz parte de um grupo de brasileiros que, com vida estável e/ou filhos criados, agora quer aprender um novo idioma, de morar e até trabalhar em outros países.
Você pode ler as histórias neste artigo.
Canadá, o queridinho
Intercâmbio no Canadá – Foto por: Andrea Miramontes
De acordo com a pesquisa Belta 2022, o Canadá está em primeiro lugar na procura por brasileiros que querem estudar fora, seguido pelos Estados Unidos e Reino Unido.
Mas por que o Canadá? Além de ser um destino cheio de paisagens diferentes para explorar, o país é sinônimo de excelência nas escolas e segurança, permite que estudantes trabalhem de forma legal e tem voo direto do Brasil, pela Air Canada, que conto mais abaixo.
Para quem passou dos 50 é interessante saber que, nas escolas canadenses, não se separa alunos por idade.
Outro atrativo bastante forte para o estudante é a possibilidade do trabalho legal. O Canadá permite que estudantes trabalhem, mas para isso, é preciso estar com o visto correto.
“Para o visto de estudante que vai trabalhar devemos apresentar uma carta oficial de aceitação da escola que receberá o aluno”, conta Carolina Gonzales, consultora de imigração da Northwest Imigration, que ajuda na obtenção de todo tipo de visto para o país.
Ela acrescenta ainda que, se o estudante vai ficar até 6 meses no Canadá estudando, sem trabalhar, o visto de turista basta. Quem tem visto americano, pode ainda tirar somente o ETA (electronic travel authorization) bem mais barato e feito pela internet.
Como escolher o intercâmbio?
Na hora de escolher, a primeira coisa é procurar uma agência séria, que desenhe o programa de acordo com os interesses do aluno.
No site da Belta, associação sem fins lucrativos, há uma lista de agências sérias que levam o selo de qualidade, e o estudante pode começar por aí.
“O papel da agência é entender a necessidade do cliente, achar a melhor opção para ele, ver o perfil do estudante e ter o cuidado de personalizar. Dentro do selo Belta, estão agência que prezam pela qualidade e que acompanham o aluno até voltar pra casa”, reforça Neila Chammas, diretora financeira da Belta
Ela conta ainda que uma boa agência pode ajudar a resolver qualquer problema que o aluno tiver fora do país.
“Há quem busque turmas específicas para pessoas acima de 50 anos, onde as idades não se misturam, o que conseguimos ver na França, Itália, Malta e outros países. Nesse tipo de turma, os assuntos levantados em sala, bem como as atividades fora dela, são todos desenhados para adultos nessa faixa etária”, completa.
O estudante também pode fazer outros cursos que não só o de idiomas. “Muitos ficam surpresos com a variedade de cursos, especialmente se já dominam o idioma, como gastronomia, fotografia, ioga, entre outros”, finaliza.
A escolha do destino onde estudar deve considerar a receptividade de brasileiros naquele local, o custo de vida e até a estação do ano, com clima ideal para a viagem.
Como cheguei a Vancouver?
Para chegar a qualquer local do Canadá, como Vancouver, onde estudei, o brasileiro conta com voos diretos diários em uma das melhores companhias aéreas do mundo, a Air Canada, na rota de São Paulo a Toronto, além de voos de São Paulo a Montreal.
Desses destinos, é possível se conectar a qualquer outro no país, sem ter que retirar a mala no caminho. Meu roteiro foi justamente este. Peguei o voo de São Paulo a Toronto, onde fiz a conexão para Vancouver.
Na aeronave, são três classes de voo: executiva, premium e econômica, onde voei. Mesmo na econômica, todas as poltronas têm TVs individuais, com filmes e séries que amo, o que era muito comum no passado, mas hoje muitas aéreas não disponibilizam mais. Também é servido vinho durante as refeições.
Nas refeições, se você quer uma alimentação vegana, vegetariana ou com outras restrições, deve pedir a comida especial, ao menos, um dia antes do voo.
De olho no estudante 40+, a companhia aérea analisa ainda a possibilidade de conseguir melhores condições para esse público estudar no país.
“Vemos o crescimento de pessoas acima dos 40 anos em estudar fora e avaliarmos a possibilidade de oferecer uma tarifa especial de estudante a esse público”, acrescenta Giancarlo Takegawa, diretor geral da Air Canada no Brasil.
Além do foco no público brasileiro, a cia aérea canadense se destaca pelo empenho em se tornar cada vez mais sustentável, política no DNA do canadense, que tem 35% de seu país formado por florestas preservadas.
Até 2050, a empresa quer zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa em todas as operações globais, como meta principal de sustentabilidade.
Onde me hospedei?
Como busquei a imersão, optei por ficar na casa de locais, que abrem suas portas para receber estudantes.
A empresa Northwest Homestay faz justamente esse trabalho de curadoria, ao juntar a casa que quer receber com o perfil do estudante. E o intermédio para chegar até a empresa é a agência de intercâmbio.
Muitas vezes, você pode ser alocado longe da escola, onde as pessoas vivem mesmo. Em princípio, achei que isso poderia ser um problema, pois eu demoraria quase uma hora no transporte público todos os dias para ir e voltar.
Mas depois percebi que era um bônus. Meu caminho até o centro de Vancouver incluía ônibus e sky train, um metrô cujo caminho é no alto, na maior parte do tempo.
Como era afastado, eu passei por muitas estações do sky train, que, durante as semanas de estudo, eu explorava na volta da escola. Foi fantástico e pude conhecer a cidade quase inteira.
Por: Andrea Miramontes, Lado B Viagem
Todas as informações contidas nesta publicação pertencem ao site da Belta.