Para utilizar as ferramentas em toda a sua potencialidade, é preciso letramento digital e aprendizagem de competências tecnológicas.
A tecnologia educacional vai continuar sendo uma das principais tendências nas salas de aula em 2024. Fatores como inteligência artificial (IA), computação, acessibilidade e inclusão digital são aliados e, ao mesmo tempo, estabelecem desafios para a chamada Educação 4.0.
Celulares, laptops, computadores e tablets estão cada vez mais presentes no cotidiano dos alunos e professores. Para utilizar essas ferramentas em toda a sua potencialidade para o ensino, especialistas indicam que é preciso estimular o letramento digital e a aprendizagem de competências como pensamento computacional e tecnologia assistiva.
De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a tecnologia educacional vai se manter como um elemento cada vez mais presente na educação. Isso porque ela foi uma das responsáveis por aumentar significativamente o acesso a recursos de ensino e de aprendizagem.
Vale lembrar que a Política Nacional de Educação Digital (PNED) propõe a introdução da computação em sala de aula. A medida foi sancionada no início de 2023 e traz novas regras para serem implementadas na Educação Básica neste ano. A PNED estabelece metas e diretrizes para promover o uso de tecnologias digitais no ensino.
Para alcançar esse objetivo, as escolas precisam inserir em seus currículos propostas de disciplinas que incorporem tópicos como fundamentos da computação e robótica, por exemplo, em todos os eixos educacionais. A ideia é estimular o pensamento criativo dos alunos.
A cultura digital é outra competência prevista, já que ela incentiva uma atitude ética, crítica e responsável pela utilização das tecnologias. A partir de 2024, portanto, as instituições de ensino básico do país deverão promover cursos, atividades e projetos que ajudem a introdução de planos e ferramentas de aula ligados à tecnologia.
Criar mapa mental gratuito, por exemplo, é uma forma de auxiliar nesse processo. Trata-se de uma técnica que pode facilitar a organização e compreensão de conceitos, integrando a tecnologia ao processo educacional de forma eficaz. Essa, no entanto, é somente uma das várias estratégias que devem ser colocadas em prática dentro de um contexto muito mais amplo e complexo de educação.
Educação 4.0 prepara alunos para um mundo conectado e digitalizado
A Educação 4.0 é uma referência ligada à Revolução Industrial 4.0, que tem a ver com a incorporação do físico ao digital por meio da evolução dos recursos tecnológicos. O conceito aborda o uso estratégico da tecnologia no ensino e na aprendizagem, o que permite uma revolução na maneira como os alunos adquirem conhecimento e se preparam para o futuro profissional.
Conforme ressaltado no artigo “Educação 4.0: competências e habilidades do professor na era digital”, do autor João Fernando Costa Júnior, da Universidade Tecnológica Intercontinental (UTIC), as tecnologias digitais abrem portas para novas oportunidades de aprendizagem e, ao mesmo tempo, demandam que os estudantes obtenham algumas habilidades e competências.
Essa capacitação vai além do conhecimento acadêmico tradicional e é pensada para auxiliar o jovem a enfrentar os desafios atuais e se inserir num cenário cada vez mais globalizado e tecnológico. Segundo o estudo, é nesse contexto que nasce a Educação 4.0, caracterizada pela incorporação da tecnologia digital em todos os âmbitos da educação, ou seja, desde as salas de aula até as plataformas de aprendizagem online.
As práticas relacionadas a ela devem se basear na ideia de que a educação precisa acompanhar as mudanças tecnológicas e sociais, preparando os estudantes para a vida em uma comunidade altamente digital e conectada.
Desafios enfrentados no Brasil e no mundo
As exigências tecnológicas para integrar a computação de modo eficaz e qualificado nas salas de aula estabelecem desafios de infraestrutura. Equipamentos atualizados, como tablets, computadores e acesso à internet com boa velocidade são indispensáveis.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com números disponibilizados no Painel Conectividade nas Escolas, no final de 2022, 3.400 escolas no país – quantitativo que representa 2,5% do total de escolas – não tinham energia elétrica. Além disso, 9.500 – 6,8% das instituições – não contavam com acesso à internet; e outras 46,1 mil – 33,2% – operavam sem laboratórios de informática.
Dados da radiografia anual da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) na Educação também indicam alguns desafios. Em 41% das escolas estaduais, o sinal de internet é fraco e em mais da metade (55%) ele não consegue chegar aos lugares mais distantes do roteador. Já na zona rural, apenas 30% dos estudantes têm acesso à rede na escola e somente 38% das instituições disponibilizam computadores para os alunos.
É importante ressaltar que esse não é um contraponto apenas do Brasil. Segundo a Unesco, somente 40% das escolas primárias em todo o mundo estão conectadas à internet. Assim, o órgão enfatiza a importância de olhar para a desigualdade de acesso e levá-la em conta para elaborar soluções, já que o direito à educação é sinônimo de direito à conectividade adequada.
Como promover a Educação 4.0
Segundo especialistas em pareceres a portais como os da Agência Brasil, da Fundação Lemann e do Programa Institucional de Inovação Pedagógica da Universidade Federal do Tocantins (PIIP/UFT), para promover o uso da tecnologia dentro na Educação 4.0 de forma eficaz, as diferentes partes interessadas devem unir esforços. As instituições de ensino, por exemplo, precisam investir em infraestrutura tecnológica adequada e incentivar a formação continuada dos professores.
Os docentes, por sua vez, devem se manter atualizados em relação às novas tecnologias e estratégias pedagógicas, para agregar a tecnologia em suas práticas de ensino. Já o governo e suas políticas públicas têm uma função crucial na promoção da Educação 4.0. É necessário promover o investimento na infraestrutura tecnológica das escolas e o desenvolvimento de programas de capacitação para os educadores, bem como incentivos para a adoção de práticas inovadoras.
É importante ainda fomentar parcerias entre organizações da sociedade civil, empresas e instituições de ensino. Essas alianças são importantes, pois têm o potencial de agregar conhecimentos, recursos e experiências que impulsionam o ambiente educacional. Essa dinâmica proporciona aos alunos o contato prático e real da aplicação dos conhecimentos adquiridos.
A intenção da PNED é garantir o acesso, especialmente de populações mais vulneráveis, a ferramentas, recursos e práticas digitais. Composta por quatro eixos de atuação, a política busca articular projetos, programas e ações de municípios, estados, Distrito Federal e União. Diversas áreas e setores governamentais devem participar. Os pilares são: inclusão digital, educação digital escolar, capacitação e especialização digital e pesquisa e desenvolvimento em tecnologias da informação e comunicação.
O treinamento de competências informacionais, midiáticas, digitais e a conscientização sobre os direitos de uso e de tratamento de dados pessoais fazem parte das ações previstas. A promoção da proteção das informações da população mais vulnerável – como crianças e adolescentes – e da conectividade segura também compõem o processo.