
Os cursos de inglês na Irlanda são de pelo menos 15 horas semanais. Em seis meses, isso representa 375 horas de aula em ambientes multiculturais onde a única língua falada deve ser o inglês. No entanto, mesmo depois de um ano no país, muitos estudantes ainda não conseguem se comunicar efetivamente. Por quê?
Segundo o cofundador da Seda College, Tiago Mascarenhas, que trabalha com estudantes internacionais há seis anos em Dublin, a persistência em usar sua própria língua para se comunicar com colegas, a falta de determinação e de propósitos com o idioma estudado são os principais motivos do fracasso do aprendizado. “A experiência acaba se transformando em um desperdício de tempo e dinheiro”, completa ele.
Com trabalhos realizados desde 2009 com aproximadamente 10 mil estudantes internacionais, a Seda College descobriu os principais erros que reduzem a capacidade dos alunos de aprenderem inglês durante o intercâmbio.
Limitar o estudo à sala de aula
As aulas de inglês no exterior funcionam como um guia de aprendizagem. O conteúdo repassado aos alunos varia conforme o nível de domínio do idioma. O objetivo é fazer com que todos sintam-se desafiados, mas, ao mesmo tempo, sejam capazes de entender a mensagem principal.
O desenvolvimento das habilidades de comunicação é gradual, no entanto, inválido se estiver limitado ao tempo com o professor em sala. “Se das 24 horas de um dia, apenas três forem dedicadas ao idioma, o processo de aprendizagem será muito lento. Isso sem falar dos fins de semana. O contato com o idioma deve ser contínuo e intenso”, reforça Tiago.
Manter comunicação em seu idioma nativo
O tempo dedicado ao uso da língua nativa quase sempre supera o do idioma foco de estudo. Embora manter uma conversação em inglês para quem está começando possa ser difícil, continuar se comunicando em seu idioma é retardar o aprendizado.
A diretora de ensino da Seda College, Sibéal Turraoin, explica o porquê: “toda vez que você muda para o seu próprio idioma, é como se o cérebro tivesse que reiniciar a configuração para retornar ao inglês e recuperar o que foi aprendido. Eu sou bilíngue também e sei, por experiência própria, o quanto isso atrasa o processo. Quanto mais você mergulhar na língua, mais rápido e mais fácil o progresso acontecerá”.
Duvidar da própria capacidade
No intercâmbio, alunos com diferentes habilidades com o idioma podem compartilhar a mesma sala, isso porque alguém pode falar muito bem, mas ter problemas com a escrita, ou vice e versa. “É importante que os alunos não se sintam intimidados pelos colegas e jamais deixem de acreditar na sua capacidade de aprender em função da idade ou de qualquer outro motivo pessoal. A autoconfiança é um ponto essencial para o aprendizado, caso contrário, seis meses de curso não serão suficientes para aprender inglês”, acrescenta Sibéal. Cometer erros e perceber a presença deles é processo essencial do aprendizado.
Não estar aberto ao novo
Estar longe de casa e dos amigos faz com que os alunos busquem pessoas do seu próprio país e ambientes que se aproximem de sua cultura, mas isso pode ser um problema para quem quer agilizar o processo de comunicação. Diversificar as experiências e ampliar o círculo de amizade é o grande diferencial de uma temporada no exterior. Mesmo quem está chegando, deve tentar interagir com pessoas de outras nacionalidades, frequentar ambientes diferenciados, provar pratos exóticos da gastronomia mundial e ampliar o vocabulário com essas situações. Não se deve ter medo de cometer erros.
Achar que no intercâmbio o aprendizado acontece naturalmente
O tempo não ensina ao estudante um idioma. Existem pessoas que moram há anos num determinado país, até conseguem se comunicar, mas com dificuldade e cometendo muitos erros. O único jeito de aprender é errando, mas buscando corrigir as falhas da comunicação. É preciso frequentar as aulas, estudar em casa e readaptar todas as atividades diárias para o idioma que se de deseja aprender.
Assista televisão em inglês, ouça música em inglês, leia notícias em inglês, use redes sociais e até configurações do celular em inglês. “Limite o uso da sua língua nativa para falar com a família. Quando você estiver completamente cercado pelo idioma, estará aprendendo até em sonhos”, completa Tiago.