
Recentemente o Fernando Pavani, CEO da BeeTech, publicou uma análise sobre o comportamento do dólar no mês de junho, segundo os acontecimentos relevantes que levaram a tais variações.
- Dólar acumula alta de 1,50% em junho e de 1,06% no ano, até o dia 28;
- Moeda chegou aos R$ 3,3391 no dia 23, o maior patamar de fechamento desde 18 de maio, em meio à crise política que atingiu o governo e o receio sobre a votação da Previdência, agora prevista para agosto;
- Recesso parlamentar deve esvaziar agenda política em julho e a perspectiva para a moeda é de estabilidade no próximo mês.
O dólar deve seguir na faixa dos R$ 3,30 diante da crise política que atingiu o governo Michel Temer e das incertezas quanto à votação da reforma da Previdência na Câmara, prevista até o momento para agosto.
A moeda, que até o último dia 28 acumulava alta de 1,5% no mês e de de 1,06% no ano, teve oscilação mais forte este mês por conta dos desdobramentos da crise política que atingiu o Planalto após a delação de executivo da JBS.
A denúncia de Janot contra Temer, episódio mais recente dessa crise, fez investidores ajustarem posições, uma vez que a acusação terá de passar pela Câmara e deve atrasar o cronograma da Previdência.
Com essa expectativa no radar, o dólar chegou a atingir R$ 3,3185 (alta de 2,54% no mês e 2,09% no ano) no dia da denúncia, 27 de junho. No entanto, a perspectiva é que o governo tenha força suficiente para articular o arquivamento da denúncia.
A saída do senador Renan Calheiros da liderança do PMDB no Senado e a aprovação da reforma trabalhista na CCJ, porém, trouxeram alívio quanto às dúvidas sobre a força do governo e o dólar devolveu parte dos ganhos no dia 28. Naquela sessão, a divisa terminou cotada a R$ 3,2849, reduzindo o avanço para 1,50% no mês e 1,06% no ano. Esta é a terceira e última etapa pela qual o texto deve passar antes de ir a plenário, em julho.
A derrota do base aliada na etapa anterior fez com que a moeda chegasse aos R$ 3,3391 no dia 23 (alta de 3,17% no mês e de 2,72% no ano). Naquele dia, o dólar atingiu o maior patamar de fechamento desde 18 de maio, quando subiu 8,15% diante da revelação da delação de Joesley Batista.
Reforma trabalhista não é garantia de aprovação da Previdência
A reforma trabalhista, apesar do revés sofrido pelo governo na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), deve ser aprovada com algumas modificações. O imposto sindical, por exemplo, deve ser extinto em um período de dois a três anos, e não mais imediatamente, como era a proposta original. A previsão é que o texto vá a plenário na primeira semana de julho.
Mesmo com a vitória do governo, o mercado seguirá monitorando o que acontece no Congresso, e o cenário político ditará o rumo do câmbio nos próximos meses. Assim, o dólar pode chegar aos R$ 3,50 ou mesmo R$ 4,00 se as mudanças na aposentadoria não forem aprovadas.
A reforma da Previdência é uma medida impopular, ainda que os políticos saibam que ela é necessária. Mesmo economistas ligados ao PT admitem isso. Porém, quanto mais 2018 se aproxima, mais difícil fica para o governo articular a aprovação da proposta.
O recesso parlamentar em julho, o chamado recesso branco, deve dificultar essa articulação. Os políticos voltam para seus redutos eleitorais e devem ser pressionados para alterar ou rejeitar pontos do projeto, já bastante desidratado em relação ao que foi posto na mesa no fim do ano passado. A reforma da Previdência não deve ser aprovada como está.
No próximo mês, não está prevista nenhuma grande movimentação em Brasília e, salvo alguma mudança no cenário político, o câmbio deve se manter estável.